Por que é tão difícil descrever um sentimento?
A resposta está na verdade dos olhos de quem não levanta a cabeça. Por mais que sejamos leigos em assuntos médicos os clínicos, um sentimento despertado do fundo da alma sempre é causado por alguma reação do corpo. Ou reação da mente. Infelizmente, a torrente de emoções é tão grande que não sabemos definir o que é. Ou às vezes, ela é tão escassa, que dá no mesmo.
O que se sente ao perceber que luta por algo que não acaba? Que por mais que separe, se une de alguma forma? É algo convencional, ou talvez você se sinta derrotado após saber que nada adianta, e que agora pretende desistir de tudo, e simplesmente esperar a morte, porque parece ser a única saída cabível a uma felicidade, pelo menos por 10 anos, eterna? Óbvio que sim. Isso é o que o sentimento quer que façamos: perder a razão.
A razão se alia ao sentimento quando existe amor próprio, egocentrismo e espelhos. E como todo casal feliz, eles brigam, e é nessa hora que nossas decisões se confrontam: perguntar a ele ou investigá-lo? Dizer sim ou pedir um tempo para pensar? E por que, por mais bela que seja a palavra "sentimento", toda vez que a seguimos, estamos nos ferrando e vivendo péssimos dias por causa de confrontos que nem seriam da nossa conta (e que provavelmente não existiriam, se fôssemos realmente "donos" de nossos corpos)?
O ser humano é uma máquina, comandada por botões de "certo" ou "errado", de "use a razão" ou "vá com tudo", e cada máquina tem um diferencial. Usam as lições que aprenderam em casa quando crianças para se espelharem, para se encontrarem. E essas lições são tão antigas que até hoje existem mais mulheres que são comandadas por sentimentos e homens dirigidos pela razão, o que era comum na época do trovadorismo e poucas mulheres que não perdem a cabeça pelo marido ter bebido com um amigo e um homem que chora em um filme romântico.
É por isso que me chateio. Eu gostaria de poder ouvir o lado da razão, em horas como esta, mas aqui estou eu, escrevendo sobre sentimentos e razão, tentando ter algo para, de fato, pôr os pés no chão, e não consigo. E ultimamente, isso tem feito com que, depois de um tempo, eu simplesmente pare de sentir. Existe, possivelmente, um bloqueio na minha mente para meus sentimentos, já que sofri demais por muitos deles. Ou talvez, depois de tanta experiência me chateando com a mesma coisa, eu esteja apenas aceitando a minha derrota, ouvindo o que a razão há tempos gritava para mim, enquanto eu usava furiosamente os meus sentimentos para escapar: você não tem o poder de interferir.
