"Eu poderei te dar todos os motivos do mundo para ter raiva de mim. Infelizmente, você nunca terá tanta raiva de mim como eu tenho. Nunca terá tanto desgosto de mim como eu tenho. Sinceramente, eu não preciso de ninguém pra me odiar, a minha cova eu já cavei, eu já provei; já deitei lá em dias frios, em dias que chorei até vomitar; já dormi lá, já descansei minha cabeça na terra fria, já sonhei com meu caixão. A minha vida toda vai ser assim, enquanto o parasita estiver sempre entre nós, e eu sei que ele sempre estará, ele é imortal pra você.
Eu não preciso da sua compaixão, eu não sou ninguém pra você amar. Pode se divertir à vontade com outras pessoas, pode ter amigos e amores à vontade, me deixe sozinha, certo? É sempre assim. Tens medo de se machucar ao se aproximar demais? Sim, você está certo.
Eu queria implorar pelo seu amor, queria voltar no tempo e fazer tudo o que eu tinha que fazer pra nunca ter sido posta, em momento algum, em segundo lugar, mas eu acabei de apreender uma determinada ideia: eu sou o que sou na sua vida, e se você não me considera mais, isso é culpa minha.
Obrigada por tentar me tirar da minha cova, mas eu estou morta, ouviu? Vá brincar no mundo dos vivos, vá brincar de pique-esconde com seus amigos, vá gravar momentos. Eu sou seu passado, presente e futuro. E como tudo, eu tive um fim. Então, por favor, me deixe descansar agora, eternamente. Adeus."
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