Posted by: Unknown

              "Todo dia eu acordo sem deixar minha vida acontecer. Ela já passa tão definida na minha frente que eu simplesmente vivencio tudo sem tirar o corpo da cama. Calma. Nessas horas é que eu não preciso saber. Não preciso saber de nada, nada, bastaria sentir que estou viva e que começo um dia em que não sei se vou estar viva ou morta no final. Levanto cambaleante, escovo os cabelos, escovo os dentes, lavo o rosto, deito de novo, e pego no sono. Já vi qual vai ser o meu dia, não adiantou nada. Perdeu a graça viver assim.

    Então, hoje eu parei e pensei em simplesmente não ir para frente. Decidi regredir, porque nesse caso seria algo inusitado na minha vida. Pode até ser impensado, idiota e irônico, mas regredir era, no momento, uma grande evolução. Não pensei em deitar, pensei em levantar e sair por aí, de sutiã e calcinha, no meio de gente estranha me olhando confusa, pra saber que reação teriam as pessoas. Eu queria ser presa como louca, ir parar na cadeia, roubar uma arma e fugir de lá, roubar um carro e dirigir pela estrada, porque diga-se de passagem: mulher no volante, eu sei, eu concordo, é perigo constante (armada e fugitiva, então!). Queria encontrar o meu amor, sequestrá-lo para sempre, viver em lutas onde a vida seria o bem mais valioso, onde eu poderia sentir que eu ainda penso como o ser humano que eu acho que sou. Porque pra viver nesse mundo, você tem que ser um pouco de tudo: um pouco humano, um pouco máquina, um pouco nada. Vivi por tanto tempo assim que hoje não sei mais o que sou.


    Eu mudei do dia para a noite, troquei a minha vida pela necessidade de viver, enfrento crises todo o dia, ora, eu sou uma mulher! A complicação faz parte da minha vida (o que não significa ter que fazer parte da vida de todo mundo). Mas, não sei por quê, é assim que eu sou feliz. Não sei se é o homem com o qual eu durmo todos os dias, que inconscientemente eu sequestrei pra mim, ou se é a minha vida de fugitiva do meu trabalho e das minhas responsabilidades, ou se é a luta de todo dia ter que acordar mais um dia para dar valor à minha vida. E assim, saio do transe, volto à realidade e vejo o quão atrasada estou para dar o primeiro beijo de valor na pessoa que me acompanha no trajeto até a eternidade."

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