Quando eu levantei da cama, eu percebi que já não era a mesma de um segundo atrás. Porque você vive e sente coisas, você muda até em escala nanométrica. Eu me pergunto, o que há então se o tempo parar, e eu não conseguir mudar? Eu não precisaria de muito pra saber - eu poderia parar o meu tempo para sempre. Sim, eu tenho esse direito, esse livre-arbítrio. Mas as escolhas que fazemos nem sempre são as certas, e às vezes, tem um modo de voltar atrás ou pelo menos fazer melhor/tentar de novo. Homenagens?   Há tempos já não as recebo. Se eu ligo? É, eu ligo. Eu sou egoísta e dependente, irritante, insistente, jogadora. Mas eu amo como qualquer um e consigo perceber os meus e os seus erros. 

     O que eu realmente desisto não é de mim, não é dos outros; não é da culpa que sei que tenho, não é da responsabilidade que está em dobro. Eu desisto de dizer "eu te amo" ou "conte comigo" porque eu já não sou mais dona racionalmente das minhas ações. Eu as deixo para o meu coração, para as minhas emoções, porque eu sou esse tipo de pessoa. Que sempre deu mais valor à emoção do que a razão. E por isso fodi minha vida inteira ou o que eu estava tentando construir dela. Agora eu quero ver quanto tempo vai levar para eu sucumbir a uma decisão errada, um acaso que me faça ir para onde ninguém volta. 

     Eu não sei se existe um deus ou algo acima de nós. Eu não posso provar. Mas acreditar é completamente diferente de você ver, de ter provas. Exige confiança, e que confiança nós temos no Universo para acreditar que seres alienígenas existem? Nenhuma. São evidências que não provam. Mas se existir... Eu espero que perdoem meus erros, que me levem e me tirem daqui, me consertem ou me joguem fora. Mas eu não quero mais ser humana. Eu não quero mais viver assim, como uma perdedora sempre.